quarta-feira, 26 de maio de 2010

Um olhar clínico (psicopedagógico) sobre as dificuldades de leitura e escrita



Um olhar clínico não é um olhar que acontece só no meio médico, no espaço de uma clínica, como se pensava antigamente,  e sim é decorrente de um método clínico de observação da realidade.Embora a palavra “clínica” tenha sua origem no termo grego kliné, que quer dizer leito no qual se observava ou se atendia um paciente, e tenha sido apropriada pela medicina durante muitos anos, o Método Clínico hoje utilizado pela Psicopedagogia foi ressignificado através da sua história, a mesma o utiliza como instrumento de investigação na coleta de dados para o diagnostico e intervenção das dificuldades de aprendizagem apresentadas por seus clientes. 

A Psicopedagogia, portanto, herdou um método clínico que lhe permite intervir junto a um sujeito ou a um grupo de sujeitos que aprendem, em situação terapêutica ou educacional, considerando o dito e o não dito, a ação do sujeito sobre o objeto de aprendizagem, que não é paciente e sim agente, e as conclusões que ele pode retirar desta ação. Portanto, o olhar clínico em Psicopedagogia, é um olhar que tem a intenção de perceber um sujeito que aprende, de forma inteira, em relação com os outros sujeitos, com a cultura, com a história, com os objetos de aprendizagem e com as normas estabelecidas no contexto em que vive. Este Olhar Clínico se volta para alguém que está pretendendo evitar ou superar dificuldades com relação à aprendizagem. As dificuldades com a aprendizagem podem decorrer de diversas causas, e os sintomas que aparecem, quase sempre, estão ligados ao uso do instrumental simbólico, cujo domínio nos permite aprender todos os conhecimentos do mundo – a linguagem escrita, oral, corporal, cartográfica, matemática, visual, informática etc.Estas dificuldades, na maioria das vezes, não são dificuldades que se localizam dentro de um sujeito, e sim na relação entre ele e o conhecimento ou entre ele e aqueles que ensinam..

Como vimos, o objeto central de estudo da psicopedagogia está estruturado em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos, bem como a influência do meio no seu desenvolvimento. Pela complexidade do seu objeto de estudo, são imprescindíveis conhecimentos  específicos de diversas teorias, dentre elas podemos destacar as contribuições da psicanálise  que se encarrega do mundo inconsciente; da pedagogia  como ciência da educação que procura estabelecer  com precisão como organizar a ação do ato de aprender , como também que procedimentos lançar mão;  da psicologia que  é responsável por observar o comportamento do sujeito  nas relações grupais , familiares e institucionais. Por ser a psicopedagogia um campo de estudo interdisciplinar, outras ciências, além das citadas, vêm contribuir para desvelar o complexo  objeto de estudo da psicopedagogia – o aprender .

Para Fernandez (1991,p.47)
O ser humano para aprender deve pôr em jogo: seu organismo individual herdado,  seu corpo construído especularmente, sua inteligência autoconstruída interacionalmente e a arquitetura do desejo, desejo que é sempre desejo do desejo de outros. 
Portanto, percebemos, a partir da citação acima, que a Psicopedagogia procura  estudar e desenvolver uma teoria que vá além do perceptível ao olhar de um profissional da educação  ou outro profissional. Aquela estudiosa faz uma distinção entre organismo e corpo. Organismo para ela é toda a estrutura física do ser humano, já o corpo é a imagem que se tem do físico, que é construída a partir da relação com o outro. “O organismo bem–estruturado é uma boa base para aprendizagem, e as perturbações que posa sofrer condicionam dificuldades nesse processo.” 
Fernàndez explicita seus pressupostos argumentando:
Desde do princípio até o fim, a aprendizagem passa pelo corpo.(...) o corpo coordena e a coordenação resulta em prazer de domínio. (...) A apropriação do conhecimento implica no domínio do objeto, sua corporização  prática em ações ou em imagens que necessariamente resultam em prazer corporal.(1991, p.59)

Em relação ao desejo e à inteligência, a teoria Psicopedagógica  difere em primeiro momento à vontade do desejo, para a mesma o desejo é algo mais que à vontade, e está relacionada intimamente à sexualidade do indivíduo, ou seja, algo inconsciente.
Os estudos psicanalíticos contribuíram significativamente para explicar o nível de desejo imbricado no ato de aprender.
Ainda de acordo com a psicopedagoga Fernàndez:
Para psicanálise os processos inteligentes surgem a partir de uma derivação da energia sexual para o objeto diferente e socialmente aceito. Quando a criança por volta de 5 – 7 anos entra no período de latência, a curiosidade sexual infantil típica da etapa edípica se reprime e se sublima. A criança transforma a curiosidade sexual prévia, dirigindo-se para objetos de conhecimento socialmente aceitos. Esta derivação da energia motiva o interesse na investigação  - segundo a psicanálise- e implica, então, uma repressão exitosa e uma derivação da energia sexual.  (2001)  


Corroborando com a análise  de Fernàndez acerca da subjetividade imbuída  no processo de aprendizagem, Trinca & Barone (1996, p.50) conceitua:
(...) em face das primeiras experiências de aprendizagem escolar, a criança atualiza e expressa sua maneira pessoal e particular de lidar com a realidade, maneira esta que é reedição das historias de suas relações passadas. Com isto, a própria situação de aprendizagem coloca a criança, novamente, todas as questões vividas anteriormente em seus primeiros relacionamentos. Se aquelas crianças que puderam resolver mais satisfatoriamente suas questões narcísicas e edípicas, e por isso desenvolver melhor sua capacidade de simbolização,  podem vivenciar mais tranqüilamente o processo de aprendizagem escolar, o mesmo não acontece com aquelas que ainda estão às voltas com tais questões, e que atualizam, repetem e expressam seus conflitos inconscientemente na relação de aprendizagem.
A concepção de inteligência para a Psicopedagogia está fundamentada na teoria de Piaget, baseada no desenvolvimento cognitivo que se dá pela assimilação do objeto do conhecimento e as capacidades do sujeito para acomodar as estruturas diante do objeto assimilado.
Para Jean Piaget (apud FONTANA, 1985), a criança tem uma forma própria e ativa de raciocinar e de aprender, que evolui, por estágios, até a maturidade intelectual. Elas não podem ser comparadas a um adulto, seus erros apenas caracterizam uma forma particular de pensar.

A inteligência humana se desenvolve baseado em três correntes teóricas: o empirismo, o racionalismo e o construtivismo.
O empirismo é uma concepção teórica que parte do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelo meio ambiente e não pelo sujeito, ou seja, de fora para dentro. A idéia é que o ser humano não nasce inteligente, mas passivamente submetido às forças do meio, que provocam suas reações, a satisfatórias são incorporadas e as insatisfatórias tendem a serem eliminadas, assim, o desenvolvimento intelectual pode ser totalmente modelado de fora, pois a força que o determina se encontra nos estímulos externos e não no indivíduo.
A concepção teórica do racionalismo parte do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelo indivíduo e não pelo meio, sendo concebida de dentro para fora. A idéia é que o ser humano já nasce com a inteligência pré-moldada. A lógica seria uma capacidade inata do homem. À medida que o ser humano amadurece, ele vai reorganizando sua inteligência pelas percepções que tem da realidade, e essas percepções dependem de capacidades que são inerentes ao indivíduo e não dos estímulos externos.
Na concepção teórica construtivista, que tem como precursor Piaget, o princípio é que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre o indivíduo e o meio. A idéia é que o homem não nasce inteligente, mas também não é passivo sob a influência do meio. Ao contrário, responde aos estímulos externos agindo sobre eles para construir e organizar o seu próprio conhecimento, de forma cada vez mais elaborada.
Na concepção piagetiana, a vida mental é, em essência, “auto-regulação”, onde o indivíduo vive em constante desequilíbrio, buscando se reequilibrar, e isso é feito por adaptação e por organização. A adaptação tem duas formas básicas: a assimilação e a acomodação. Na assimilação o indivíduo usa as estruturas psíquicas que já possui. Se elas não forem suficientes, é preciso construir novas estruturas. A acomodação consiste em acomodar aquilo que foi assimilado e reagir a um desequilíbrio para uma nova aprendizagem. Piaget (2004), diz que na “assimilação e na acomodação” se pode reconhecer a correspondência prática daquilo que serão mais tarde a dedução e a experiência, concluindo que a atividade da mente é a pressão da realidade de cada indivíduo no processo de novas aprendizagens.
Sabe-se que o indivíduo constrói e reconstrói continuamente as estruturas que o tornam cada vez mais apto ao equilíbrio. Mas essas construções seguem um padrão em idades mais ou menos determinado. São os estágios, de desenvolvimento cognitivo que se dividem em vários subestágios.

Sensório-motor (0 a 2 anos):
A partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar o meio. A inteligência é prática, as noções de espaço e tempo, por exemplo, são construídos pela ação. O contato com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento.
Pré-operatório (2 a 7 anos)
A criança se torna capaz de representar mentalmente pessoas e situações. Já pode agir por simulação. Sua percepção é global, sem discriminar detalhes: deixa-se levar pela aparência, sem relacionar aspectos. É centrada em si mesma, pois não consegue colocar-se abstratamente no lugar do outro.
Operatório-concreto (7 a 11 anos)
Nessa fase, a criança já é capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração. Desenvolve também a capacidade de refazer um trajeto mental, voltando ao ponto inicial de uma situação.
Lógico-formal (12 anos em diante)
A representação agora permite a abstração total. A criança não se limita mais a representação imediata nem somente às relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente.
Ainda respaldada na teoria Piagetina, a psicopedagogia utilizou, os estudos do suíço, no que diz respeito ao equilíbrio para estruturar o conhecimento que Piaget chamou de assimilação e acomodação, como citado anteriormente, e desenvolveu terminologias para identificar os processos  de aprendizagem patológicos como: hipoacomodação, hiperacomodação, hiperassimilação e hipoassimilação.
A leitura e a escrita, por fazer parte da aprendizagem humana , fazem parte dos estudos psicopedagógicos.

Como confirma Barone( 1993,p.38)
Penso que a criança, frente às primeiras experiências de aprendizagem da leitura e da escrita, revive, repete e expressa sua maneira esta que é a reedição da historia de suas relações passadas. Assim, as experiências  de fracasso nesta aprendizagem, alem de terem sido influenciadas por esta condição pessoal da criança, infligem um ataque a seu narcisismo, ao qual a criança reage de diferentes maneiras,mas sempre segundo suas possibilidades, a fim de preservar ou recuperar a perfeição narcísica perdida.  
Contata-se, porém, que estamos longe de dar conta da complexidade e das  diferentes nuances  que é a aquisição das habilidades da leitura e da  escrita. Não podemos negar a contribuição de muitas teorias que  defendem, como condição  necessária   habilidades perceptivas motoras, lingüísticas, sintáticas  e morfológicas.
REFERÊNCIAS:
FERNÁNDEZ. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artmed,1991.
______. Os idiomas do aprendente: uma análise de modalidades ensinantes em famílias, escolas e meios de comunicção, Porto Alegre: Artmed,2001.
FONTANA, Roseli. Psicologia e trabalho pedagógico. São Paulo: Atual, 1985.
PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. 24 ed. Rio de Janeiro: Florense Universitária, 2004.
TRINCA, Walter; BARONE, Leda Maria Codeço. O procedimento de desenhos –estórias na avaliação das dificuldades de aprendizagem. In: Avaliação Psicopedagógica  da criança de sete a onze anos.Petrópolis,RJ: Vozes,1996.


Adriana Francisca de Medeiros - Professora da rede estadual e municipal do Estado do Rio Grande do Norte;  pedagoga; especialista em Psicopedagogia pela Universidade Vale do Jaguaribe; Educação Infantil pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e mestranda em educação – UFRN

A Importância Da Leitura Nas Séries Iniciais

A Importância Da Leitura Nas Séries Iniciais

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mãe, um bicho esquisito

Já estou na fase de começar a ficar órfã do filho. A cada independência conquistada pelo pequeno, já dá uma saudade da dependência que ele tinha de mim… Mãe é um bicho difícil de se entender mesmo.
Primeiro, a gente fica torcendo pra que eles fiquem mais independentes logo:pra que a gente possa dormir melhor (seis horas seguidas de sono é uma alegria…), pra que a gente possa tomar banho descansada (e não mais em 5 minutos) ou para retomar as tão prazerosas práticas de lazer (mesmo que em frequência bem mor)…
E, num piscar de olhos, chegou a hora.
Primeiro, ele declara a independência na hora de ir ao banheiro sozinho…
- Não precisa de nenhuma ajudinha, aí? - tenta a mãe.
- Não, eu consigo sozinho - é a resposta.
Depois, chega a hora de escovar os dentes sozinho.
- Mas, mãe, eu já aprendi na escola como é com as tias de branco… Não precisa mais ninguém me mostrar.
Depois, chega a hora da primeira noite longe de nossas asas, em que eles vão participar da noite do pijama na escolinha. Eles se divertem pra caramba, e a gente dorme mal, na ilusão de que eles vão sentir ou chorar a nossa falta…
Um pouco mais adiante e chega a hora da independência na hora de tomar banho ou de trocar a roupa… E não escapamos das surpresas…
- Bruno, tu colocou a cueca virada hoje… - comentei dias desses, ao flagrá-lo tirando o uniforme da escolinha.
Rimos muito juntos, e ele disse:
- Botei tão rápido que nem vi, mãe…
Ele ainda não fez 5 anos, e já estou com saudade do meu bebê… Mas não dá pra reclamar, e só confesso isso aqui porque ele não lê o blog ainda…
Apesar de comemorar intensamente cada conquista do meu guri - e incentivar cada uma delas, uma saudade me toma…
Saudade da época em que ele dependia totalmente de mim pra tudo…  e dos tempos em que eu podia protegê-lo de tudo e de todos dentro de mim…
Mãe é um bicho esquisito mesmo. O meu consolo é que não estou só.

Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/meufilho/2010/05/21/mae-um-bicho-esquisito/?topo=13,1,1,,,13

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Aprender a amar

Zero Hora - 12/09/2009

Como a dedicação e o afeto podem se tornar uma experiência transformadora para mães e filhos

  • Em uma casa na cidade de Plymstock, no sudoeste da Inglaterra, Karleigh Pluckrose, 18 anos, embala a filha Skye, nascida há apenas três meses. Ao lado das duas, está uma visitante muito especial, a enfermeira de família Liz Cox. Em suas mãos, Liz segura um bolsa. Uma bolsa diferente. É a bolsa do amor. De dentro, a mulher retira um bicho de pelúcia e uma fotografia da filha. Mas o que chama atenção é um pacote de lenço.

    – Porque amar pode ser triste – esclarece.

    Ambas começam, então, a discutir o que Karleigh deveria levar em sua própria bolsa, ou seja, como deveria amar e cuidar da filha. Karleigh é uma das 2 mil jovens inglesas que participam de um programa pioneiro na Grã-Bretanha com o objetivo de ajudar mães de primeira viagem – jovens como ela e também portadoras de doenças mentais e viciadas em drogas ou álcool.

    A iniciativa parte do princípio de que quanto mais cedo começar a supervisão, mais benefícios a criança terá no futuro. Skye começou a ser cuidada pela enfermeira ainda na barriga e vai continuar sob acompanhamento até completar dois anos.

    O programa foi criado nos Estados Unidos pelo professor de Pediatria David Olds, com bons resultados à saúde pré-natal e uma redução de 50% nos casos de acidentes, abuso e negligência. Além disso, as mães acompanhadas evitavam engravidar novamente e estavam mais dispostas a seguir uma carreira profissional.

    Encorajado pelos resultados americanos, o governo britânico começou a aplicar o programa em 2006, e os primeiros resultados animam os coordenadores. Até agora, o serviço está em 10 locais, mas a ideia é chegar a outras 50 áreas até janeiro. Para a ministra de saúde inglesa, Ann Keen, o programa já está no coração da política pública do país.

    – Houve 20% de redução do fumo na gravidez. A taxa de amamentação no peito é de 63%, contra 53% da média nacional – diz.

    Para a jovem Karleigh, o acompanhamento profissional também está trazendo excelentes resultados. Ela está parando de fumar, entendeu a importância do aleitamento e já sabe identificar o que a filha quer, de acordo com o choro. Também começa a tomar decisões importantes na vida profissional.

    – Posso falar com a enfermeira sobre tudo e não me sentir constrangida nem julgada – comemora.

Provas simples de amor incondicional

Amamentar: além de uma prática recomendada pelos médicos, por causa dos nutrientes do leite, é também o início de um vínculo afetivo pelo contato físico direto que proporciona.
Conversar: mesmo que a criança não compreenda completamente o que a mãe diz, ambas começam a se entender melhor, e a mãe aprende a decifrar as vontades do filho.
Acariciar e dar colo: práticas boas em qualquer idade. A criança desenvolve a certeza do afeto da mãe e cria-se um elo de confiança.
Brincar: nos primeiros dois anos, é uma forma lúdica de começar a descobrir o mundo.
Passear: uma forma de brincar e se divertir. Ao sair de casa, a criança ainda toma sol, respira ar puro e interage com outros bebês.

Fonte: Fonte: Aline Groff Vivian, psicóloga

terça-feira, 18 de maio de 2010

REFLEXÕES SOBRE A CHUPETA

Plano de trabalho

Faixa etária 0 a 3 anos


Objetivos
- Estimular a autonomia da turma, favorecendo um processo tranquilo de abandono da chupeta e respeitando o ritmo e a necessidade de cada um.
- Promover um diálogo com as famílias, favorecendo ações em conjunto com a creche.

Conteúdos
- Cuidados.
- Identidade e autonomia.

Faixa etária
2 a 3 anos.

Tempo estimado
O ano todo.

Material necessário
Outros objetos de apego que não a chupeta, como cobertores e brinquedos, de acordo com a anuência da família.

Desenvolvimento 
Questionamento
Busque compreender o significado da chupeta na vida dos pequenos. Para tanto, reflita sobre as seguintes questões:
- Por que bebês e crianças pequenas geralmente chegam à creche com ela na boca?
- Por que para algumas ela é importante na hora do sono? E quando acordam também?
- Por que muitas delas param de chorar imediatamente quando esse objeto lhes é entregue?
- Em quais momentos as crianças costumam deixá-lo de lado?

Interação com as crianças
Ao entender que a chupeta é um objeto de apego e fundamental para a adaptação na creche, busque os momentos mais adequados para sugerir aos pequenos que ela não seja usada, como durante as refeições, e na hora do parque e das atividades, explicando que ela atrapalha os movimentos e a fala. Vale também planejar atividades divertidas, como a manipulação de massas e tintas, e sempre oferecer um aconchego especial, como o colo ou uma canção, para quem se mostrar mais sensível.

Interação com a família
Converse com os pais para saber em que situações os pequenos costumam usar a chupeta em casa (e se usam). Informe-os também sobre a postura adotada na creche de sugerir que o objeto saia de cena em alguns momentos - como as refeições e as atividades - e proponha que façam o mesmo em casa, reforçando que o objetivo maior não é abandonar a chupeta, mas promover a autonomia da criança em vários aspectos gradualmente.

Solidariedade
Quando o combinado é não usar a chupeta, algumas crianças podem não lidar bem com o fato, mesmo com você oferecendo atenção e outros objetos de apego. Nesses casos de resistência, devolva a chupeta para que elas não se sintam desamparadas.

Desapego
Os objetos de apego podem ser usados para ajudar nos momentos críticos, mas, com o tempo e a progressiva integração das crianças ao grupo, você deve lembrá-las de que podem ficar sem a chupeta durante um período.

Avaliação
Mesmo que influenciado pelas experiências de socialização que os pequenos viverão na creche, o sucesso em deixar a chupeta é uma conquista pessoal, que está relacionada ao crescimento individual. Então, quando algum deles conseguir passar muito tempo sem o objeto por perto, parabenize-o. Sempre que possível, chame a atenção também para as coisas que as crianças estão conseguindo fazer sem ajuda e comente o desempenho delas em outras atividades, como desenhos e pinturas, demonstrando o quanto estão crescidas e independentes.

Fonte: Revista Nova Escola - Maio/2010

RESPOSTAS PARA 7 DÚVIDAS SOBRE O USO DA CHUPETA POR CRIANÇAS

Chega de dúvidas sobre chupeta, que tira o sono dos adultos e ao mesmo tempo acalma tanto as crianças


Quando o bebê nasce, os pais passam a se questionar sobre os benefícios e os malefícios de oferecer a chupeta a ele. Alguns temem causar depedência, outros pensam em possíveis problemas na dentição e na fala. Na creche, o panorama enfrentado pelos educadores não é diferente. Há muita dúvida e, por causa de tanta indecisão, esse objeto pode acabar ocupando o espaço que não merece, ser proibido radicalmente ou, pior ainda, ficar marcado como um elemento estranho ao ambiente, provocando certa inquietação, que ninguém se arrisca a resolver. Um cenário insustentável, ainda mais porque envolve dois aspectos importantíssimos da Educação Infantil: cuidados com os pequenos e a promoção da autonomia. Confira a seguir as recomendações de especialistas para as dúvidas mais comuns.

1. Para que serve a chupeta?
Ela é uma fonte de relaxamento para os bebês (não é à toa que um dos sinônimos é consolador e o termo em inglês é pacifier, que significa "pacificador"). Segundo explicação do pediatra José Martins Filho no livro Lidando com Crianças, Conversando com os Pais, ela possibilita o movimento de sucção, um bom exercício para o desenvolvimento infantil, pois articula os músculos necessários à fala.

2. Seu uso pode ser permitido na creche?
Sim. "É errado os educadores proibirem que os pequenos chupem chupeta. Não há motivo para isso", explica Maria Paula Zurawski, professora do Instituto de Educação Superior Vera Cruz (ISE Vera Cruz) e assessora da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. O objeto desempenha um papel importante na adaptação dos pequenos quando eles começam a frequentar a creche porque é útil para preencher a falta dos pais, funcionando como uma lembrança do ambiente de casa enquanto o vínculo com o educador e com as outras crianças não for estabelecido plenamente.

3. Na hora de dormir, ela pode ser permitida?
Sim, a chupeta ajuda a embalar o descanso dos bebês. Apesar disso, existem outros momentos em que ela não deve ser liberada: durante as atividades e as refeições, já que, além de atrapalhar o desenvolvimento da dicção, pode estimular o comportamento introspectivo, prejudicando a socialização.

4. É papel do educador ajudar as crianças a largar a chupeta?
Sim, mas não há um método para isso. A função do professor é promover a autonomia delas - o abandono do objeto é uma consequência. Cabe ao adulto ainda desenvolver uma relação de confiança com os pequenos para que eles se sintam cada vez mais seguros na creche. Por isso, é importante ter em mente que chupar chupeta é um hábito que deve ser tolerado, mas não incentivado. Para explorar a responsabilidade e a independência de cada um, proponha que, quando forem vetadas, elas sejam guardadas em potes individuais, junto aos demais materiais de uso pessoal. Um alerta: não perca tempo explicando para as crianças os problemas que ela pode acarretar, como dificultar a fala e atrapalhar o crescimento da dentição, na tentativa de fazer com que a larguem. "Até os 3 anos, a relação entre causa e consequência ainda não é bem compreendida", explica Cisele Ortiz, psicóloga e coordenadora de projetos do Instituto Avisa Lá, em São Paulo.

5. Até que idade os pequenos podem usar a chupeta?
Não existe um limite fixo. O bom senso deve prevalecer, afinal, ela é um material de apego, tal como um cobertor ou um brinquedo qualquer que os pequenos costumam adotar para ter por perto durante um tempo. Com um bom trabalho de promoção de autonomia, feito pelos educadores em parceria com a família, é possível ajudá-los a chegar à pré-escola livres dela. "Eles gostam de mostrar aos adultos que estão crescendo e, por isso, acabam abandonando a chupeta facilmente quando incentivados", esclarece Adriana Ortigosa, coordenadora da EM Noel Rosa, em Guarulhos, na grande São Paulo.

6. Quais os efeitos positivos e negativos do objeto?
"Ele é danoso se der origem a uma relação de dependência duradoura", fala Ana Paula Yazbek, formadora de professores do Centro de Estudos da Escola da Vila, em São Paulo. Por isso, quando a choradeira tomar conta do ambiente, contenha o ímpeto de silenciar a turma oferecendo a chupeta: busque o que está causando o desconforto. "Conversar em vez de dá-la é uma forma de não comprometer o desenvolvimento da capacidade nos pequenos de expressar sentimentos oralmente", diz Maria Paula.

7. O uso deve ser combinado com a família?
Sempre. Se os pais insistirem para que o filho não use a chupeta na creche, explique que se trata de um apego passageiro, porém muito valioso para ele. "Deixe claro que o objeto não prejudica o aprendizado dele em nada. Mas, se ainda assim eles não concordarem com a liberação, diga que é importante permitirem que a criança tenha outro objeto de apego caso ela demonstre essa necessidade.

Reportagem sugerida por 1 leitora: Edna Nery Borbely, São Paulo, SP
Revista Nova Escola Educação Infantil - Maio/2010

domingo, 2 de maio de 2010

UMA DICA...

Uma dica de passeio cultural é a Exposição Alfabeto Enfurecido, na Fundação Iberê Camargo em Porto Alegre/RS. Essa exposição é maravilhosa para quem se encanta com a linguagem e suas múltiplas formas de expressão. Sem comentar o lugar, uma arquitetura maravilhosa, com uma paisagem que é uma verdadeira obra de arte da natureza. 

O que?  Exposição: O Alfabeto Enfurecido - León Ferrari e Mira Schendel
Quando? até 11 de julho, de terça a domingo das 12h às 19h, e nas quintas das 12h às 21h.
Onde?  Fundação Iberê Camargo - Av. Padre Cacique, 2000, em Porto Alegre
 Agendamentos e Ação Educativa:  51 3247.8001


Foto 1: A paisagem é perfeita...
Foto 2: A exposição encanta!

"Segundo o curador, Ferrari e Schendel despontaram em uma época caracterizada pelo uso de modelos linguísticos para interpretar o mundo. Eles utilizavam a linguagem não apenas como veículo para expressar conceitos ou ideias através de suas obras, mas como 'um meio material e físico, para moldar e criar formas'".  
(http://www.iberecamargo.org.br/content/programacao/page.asp?cat_id=68)
 
León Ferrari, Mujer preocupada, 1960/61
Mira Schendel, Sem título, da série Objetos gráficos, 1972