sexta-feira, 22 de outubro de 2010

22 de Outubro - Dia Internacional de Atenção à Gagueira


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"Seu Filho Gagueja?" - Cartaz DIAG 2010

Cartaz da campanha brasileira do Dia Internacional de Atenção à Gagueira 2010.
A gagueira persistente, também conhecida como disfemia, é um distúrbio do neurodesenvolvimento que afeta a fluência da fala e que pode causar forte impacto negativo sobre a pessoa que gagueja. Dada a importância da comunicação no dia a dia, a gagueira tende a prejudicar consideravelmente a funcionalidade do indivíduo em vários aspectos da vida adulta, sobretudo nos âmbitos acadêmico, social e ocupacional. Portanto, se seu filho gagueja, procure o quanto antes um fonoaudiólogo especializado. Gagueira não tem graça, tem tratamento.


domingo, 17 de outubro de 2010

22 de outubro - Dia Internacional de Atenção à Gagueira

Dinâmica familiar na gagueira

Ter uma criança que gagueja já é suficientemente difícil para qualquer pai ou mãe.
Fazê-los sentirem-se culpados por isso só contribui para piorar a situação.

Anelise Junqueira Bohnen em seu livro Sobre a Gagueira (página 64).

Os pais de pessoas que gaguejam são alvo de diversos estereótipos sociais. Seriam pais dominadores, superprotetores, com altas expectativas, perfeccionistas, com sentimentos de rejeição e avaliações indesejáveis sobre a personalidade do filho que gagueja. Este estereótipo provém da teoria diagnosogênica da gagueira proposta inicialmente por Wendell Johnson. A teoria diagnosogênica teve início na década de 1940 e tinha como hipótese a existência de um ambiente familiar pressionador, onde os pais estariam altamente sensibilizados em relação à fala dos filhos. Isto devido à história familial para gagueira ou por serem pais guiados por atitudes perfeccionistas e por altos padrões de exigência para si próprios e para seus filhos. Com esta atmosfera familiar como pano de fundo, Johnson acreditava que chamar a atenção da criança para sua fala seria a causa imediata da gagueira, fazendo com que hesitações comuns se transformassem em gagueira. Uma vez que era atribuída aos pais grande parte da responsabilidade pela gagueira, eles eram o alvo principal da terapia de aconselhamento, a qual tinha o objetivo de evitar que a criança se tornasse consciente das hesitações e de modificar a atitudes pressionadoras dos pais.
Felizmente os avanços científicas já mostraram que os pais não são os responsáveis pela gagueira do filho. Entretanto, determinadas atitudes familiares podem piorar a gagueira. Por isso, é extremamente importante que os pais adotem atitudes que promovam a fluência (veja as Orientações para pais: gagueira infantil).

Em que tipo de família cresce uma pessoa que gagueja?

O dado mais sólido em relação às diferenças entre famílias com e sem pessoas que gaguejam está na história familial para gagueira: 55% das pessoas que gaguejam têm pais, irmãos, filhos, tios, primos, avós e/ou netos com gagueira.
Crianças que gaguejam têm maior probabilidade de crescerem em:
- Famílias menos harmoniosas, isto é, pais de crianças que gaguejam costumam estar menos satisfeitos com os comportamentos do cônjuge, relatando maior probabilidade de haver um ambiente familiar tenso e desfavorável.
- Famílias menos sociáveis.
- Famílias menos íntimas, isto é, os familiares passam pouco tempo em atividades conjuntas (como brincadeiras e passeios) e possuem pouco tempo para desfrutar da companhia dos outros membros da família.
- Famílias com pais de menor escolaridade.
Essas características não seriam causadoras da gagueira: seriam fatores complicadores, que aumentariam as condições que levam às dificuldades de fluência, ao pior desempenho escolar e às tendências ao retraimento.
O que os pais acham de seu filho que gagueja?
Pesquisas indicam que os pais apresentam fortes tendências a adotar opiniões menos favoráveis em relação ao filho que gagueja. De forma geral, os pais vêem seu filho que gagueja como nervoso, irritado, teimoso, imaturo, com complexo de inferioridade e pouco sociável. Além disso, os pais acreditam que a gagueira ocorre devido a esses traços de personalidade. É importante deixar claro que essas opiniões não causam a gagueira do filho, mas contribuem para piorar a gagueira e as conseqüências emocionais que advêm dela.
O que o filho que gagueja acha de seus pais?
Pesquisas indicam que as pessoas que gaguejam sentem-se distantes dos pais, acham que recebem pouco afeto, que desapontam seus pais, que têm pais muito punitivos, não se sentem realmente aceitas e se sentem subestimadas em relação à maturidade.
Referência bibliográfica:
YAIRI, Ehud. (1997). Home environments and parent-child interaction in childhood stuttering. In: Curlee, Richard F. & Siegel, Gerald M. (eds). Nature and Treatment of Stuttering: New Directions. 2nd ed. Boston: Allyn and Bacon. p. 24-48.


Orientações para pais: gagueira infantil

Sete conselhos para ajudar a criança que gagueja
1. Fale com a criança sem pressa e com pausas freqüentes. Quando seu filho terminar de falar, espere alguns segundos antes de você começar a falar. A fala lenta e relaxada é muito mais eficaz do que criticar ou dizer: fale devagar, repita mais devagar.
2. Reduza o número de perguntas ao seu filho. As crianças falam mais livremente ao expressar suas próprias idéias ao invés de responder às perguntas dos adultos. Ao invés de fazer perguntas, faça comentários sobre o que seu filho disse, mostrando que você está prestando atenção.
3. Utilize expressões faciais e linguagem corporal para demonstrar ao seu filho que você está mais atento ao conteúdo da mensagem do que à sua forma de falar.
4. Reserve alguns minutos, todos os dias, para dar atenção ao seu filho. Deixe que ele escolha o que gostaria de fazer. Permita que ele dirija as atividades, decidindo se quer falar ou não. Quando você falar, utilize uma fala lenta, tranqüila, relaxada e com pausas freqüentes. Este momento calmo pode aumentar a auto-confiança da criança pequena, porque ela vai saber que o pai ou a mãe aprecia a sua companhia. Conforme a criança se torna mais velha, pode ser um momento em que se sente confortável para falar de seus sentimentos e experiências com o pai ou a mãe.
5. Auxilie todos os membros da família a aprender a escutar e esperar sua vez de falar. Para as crianças, principalmente para as que gaguejam, é mais fácil falar quando há poucas interrupções e quando contam com a atenção do ouvinte.
6. Observe como você se relaciona com seu filho. Sempre que puder, mostre que você está prestando atenção ao que ele está falando e que ele pode utilizar o tempo que precisar para falar. Procure evitar a crítica, o falar rápido, as interrupções e as perguntas freqüentes.
7. Acima de tudo, faça seu filho saber que você o aceita como ele é. O mais importante para o seu filho será o seu apoio, quer ele gagueje ou não.
Fonte: 7 Ways to Help the Child Who Stutters
Autores: Barry Guitar & Edward G. Conture
Link original: www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=38
Tradução: Ignês Maia Ribeiro. Revisão: Sandra Merlo.

* Ignês Maia Ribeiro é associada fundadora e diretora presidente do Instituto Brasileiro de Fluência - IBF.

* Sandra Merlo é associada fundadora e diretora científica do Instituto Brasileiro de Fluência - IBF.

22 de outubro - Dia Internacional de Atenção à Gagueira

Recomendações aos Professores: a criança que gagueja na escola Os professores freqüentemente têm dúvidas sobre como agir com uma criança que gagueja em sala de aula. Por exemplo:
- Ela deve ser cobrada para fazer apresentações orais, ler em voz alta ou responder perguntas?
- O professor deve comentar com a criança a respeito de sua fala ou simplesmente ignorar?
- O que deve ser feito se outras crianças começam a caçoar dela?
Essas são apenas algumas das perguntas que os professores costumam fazer.

A criança da pré-escola e do jardim de infância

Todas as crianças nesta faixa de idade estão ativamente aprendendo a falar. Neste processo, é natural que cometam erros de fala. Esses erros são chamados de hesitações/disfluências. Algumas crianças apresentam mais do que outras e isto é normal. Entretanto, há certas crianças que apresentam muitas hesitações/disfluências - principalmente repetições e prolongamentos de sons -, que são facilmente notadas por quem ouve.
Se você estiver preocupado quanto à possibilidade de desenvolvimento de gagueira em uma dessas crianças, não deixe que ela perceba qualquer atenção especial neste momento. Ao invés disso, procure um fonoaudiólogo especializado em gagueira para receber orientações e sugestões.
Fale também com os pais, tente saber a opinião deles sobre o assunto e deixe-os cientes de que pode ser um comportamento típico da idade. Em muitos casos, quando pais e professores ouvem a criança e conversam com ela de uma forma calma e paciente, a fala retorna à normalidade e suas habilidades de linguagem e sua adaptação escolar melhoram. Contudo, se a criança continuar a apresentar hesitações/disfluências, é recomendável que ela seja acompanhada por um fonoaudiólogo especializado em gagueira.

A criança do ensino fundamental

Nesta faixa de idade, há crianças que não somente repetem e prolongam sons, mas também que fazem esforço e ficam tensas e frustradas com suas tentativas de falar. Elas precisam de ajuda. Sem a ajuda necessária, é provável que a gagueira afete negativamente seu desempenho em sala de aula. Como sugerido para a criança da pré-escola, consulte um fonoaudiólogo especializado em gagueira, fale com os pais e discuta suas observações com eles. Se você, os pais e o fonoaudiólogo compartilharem a opinião de que as hesitações/disfluências desta criança são diferentes das de outras em sua sala, vocês poderão decidir acompanhar, em equipe, a evolução desta criança.
Uma preocupação importante da maioria dos professores é com relação às reações da criança diante de sua gagueira em sala de aula. Que tipo de participação deve-se exigir dela durante as aulas? A resposta a esta pergunta depende de cada criança. Em um extremo, temos a criança que não demonstra nenhuma preocupação e fica feliz em poder participar como qualquer outra. No outro extremo, temos a criança que chora e se recusa a falar. A maioria está entre um extremo e outro. Se a criança estiver sendo acompanhada por um fonoaudiólogo especializado em gagueira, pergunte a ele sobre qual seria a atitude mais adequada a tomar. Pergunte também à criança sobre como ela gostaria de participar. As exigências de participação devem se tornar parte de um programa de educação individualizado da criança.

Fale com a criança: mostre seu apoio

Normalmente, é aconselhável que você converse com a criança de forma reservada. Explique a ela que quando falamos às vezes cometemos erros (assim como acontece com outras tarefas). Nós nos atrapalhamos com os sons, repetimos palavras e nos confundimos com elas. Com a prática, melhoramos. Explique que você está lá para ajudá-la.
Falar com a criança desta forma permitirá que ela saiba que você está ciente da dificuldade e também que você a compreende e a aceita.

Respondendo perguntas

Ao fazer perguntas em sala de aula, é possível adotar certos procedimentos para tornar a situação mais fácil para uma criança que gagueja:
- Inicialmente, até que ela se ajuste à turma, faça perguntas que possam ser respondidas com poucas palavras.
- Se cada criança tiver que responder uma pergunta, chame a criança que gagueja no início, porque a tensão e a ansiedade podem aumentar enquanto ela espera sua vez.
- Informe à classe que (1) eles terão o tempo que precisarem para responder às questões e (2) você quer que eles raciocinem antes de responder e não apenas que respondam rapidamente.

Lendo em voz alta na sala de aula

Muitas crianças que gaguejam são capazes de lidar satisfatoriamente com tarefas de leitura em voz alta em sala de aula, principalmente se elas são encorajadas em casa. Haverá algumas, entretanto, que gaguejarão severamente quando tiverem de ler em voz alta. As seguintes sugestões podem ajudar essas crianças:
- A maioria das crianças que gaguejam são fluentes quando lêem em uníssono com outras. Ao invés de simplesmente evitar chamar a criança que gagueja, permita que ela leia junto com outra criança.
- Permita que a classe inteira leia em duplas algumas vezes, para que a criança que gagueja não fique se sentindo especial. Gradualmente, ela pode se tornar mais confiante e conseguir ler em voz alta por conta própria.

As ridicularizações

As ridicularizações podem ser muito dolorosas para a criança que gagueja e devem ser eliminadas o mais rápido possível. Se ficar evidente que a criança está incomodada com as ridicularizações, fale com ela a sós. Ajude a criança a entender por que os outros reagem assim e sugira formas de responder assertivamente às provocações.
Se alguma criança insistir em provocar, fale com ela e explique que esse tipo de atitude é inaceitável. Tente conquistar sua ajuda. A maioria deseja a aprovação dos professores. Se o problema persistir, você pode consultar um conselheiro pedagógico ou um assistente social que trabalhe em sua instituição. Eles geralmente têm boas sugestões para lidar com esse tipo de problema.

Terapia fonoaudiológica

Se você não tiver certeza sobre a presença de um fonoaudiólogo em sua escola, fale com o diretor de sua instituição. Sugira também aos pais que procurem um fonoaudiólogo especializado em gagueira. O Instituto Brasileiro de Fluência - IBF oferece orientações gratuitas através do e-mail gagueira@gagueira.org.br ou pelo telefone 11-7449-5051 .
Aqui foram listados apenas alguns pontos gerais. Tenha sempre em mente que cada criança é diferente e que uma atitude afetiva faz grande diferença em todos os casos.

Sugestões para falar com a criança que gagueja

  • Não diga para a criança falar mais devagar ou relaxar.
  • Fale com a criança de forma calma, sem pressa, pausando freqüentemente. Antes de começar a falar, ouça a criança até o fim e espere alguns segundos após ela ter concluído aquilo que queria dizer. Isso desacelera o ritmo geral da conversa.
  • Ajude todos os alunos da classe a aprender que há momentos de falar e momentos de escutar. Todas as crianças, especialmente aquelas que gaguejam, acham mais fácil falar quando há poucas interrupções e quando elas têm a atenção dos ouvintes.
  • Use expressões faciais, contato visual e outras formas de linguagem corporal para comunicar à criança que você está prestando atenção ao conteúdo da mensagem e não somente à forma como ela está falando.
  • Não subestime a criança. Espere a mesma qualidade e quantidade de trabalhos por parte de crianças que gaguejam.
  • Procure reduzir críticas, padrões rápidos de fala e interrupções.
  • Não complete as palavras para a criança, nem fale por ela.
  • Converse individualmente com o aluno que gagueja sobre as modificações necessárias à sua adaptação em sala de aula. Respeite suas necessidades, sem subestimá-lo.
  • Não torne a gagueira algo vergonhoso. Fale sobre gagueira como se estivesse falando sobre qualquer outro assunto.
Para maiores informações, consulte outras seções deste site.
Texto original: Notes to the Teacher: The Child Who Stutters at School
Autora: Lisa Scott Trautman
Fonte: Stuttering Foundation of America
Link original: www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=10
Tradução e adaptação: Hugo Silva. Revisão: Sandra Merlo.

Veja também as seguintes matérias:
- Gagueira: como ajudar seu aluno a se expressar melhor
Revista Nova Escola, junho de 2005
- Poucas Palavras
Revista Educação, outubro de 2004

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Professoras gaúchas inovam no ensino e ganham prêmio

O X da Educação | 15/10/2010 | 04h58min

Elas serão homenageadas amanhã em São Paulo pela Fundação Victor Civita

Leila Endruweit e Letícia Barbieri | leila.endruweit@zerohora.com.br leticia.barbieri@zerohora.com.br

Paula Vargas tem 25 anos, mora em Portão e leciona para uma turma de 1ª série em uma escola de Montenegro, no Vale do Caí. Lisiane Hermann Oster, 28 anos, vive do outro lado do Estado, em Ijuí, no Noroeste. Ambas têm em comum a vocação de ensinar.

As duas gaúchas farão parte do grupo de 10 professores homenageados amanhã, em São Paulo, pela Fundação Victor Civita. O trabalho delas ganhou destaque entre 3.392 inscritos no prêmio Educador Nota 10, que valoriza inovações em educação.

Pela arte, Paula ajudou os alunos a descobrir o sabor de criar. Lisiane encontrou uma forma lúdica de ensinar matemática. No Dia do Professor, elas explicam como têm feito bem a lição de casa.

O prêmio
- Promovido pela Fundação Victor Civita, o Prêmio Educador Nota 10 quer identificar, valorizar e divulgar as experiências educativas de qualidade realizadas por professores, diretores e coordenadores pedagógicos em escolas de ensino básico regular
- A ideia é disseminar as melhores práticas desenvolvidas pelos premiados para educadores.
- Amanhã, os 10 premiados apresentarão seus projetos a uma banca, em São Paulo. O Educador do Ano ganha bolsa de pós-graduação na universidade que escolher

Uma turma sem medo de usar a imaginação
Intervalos de aulas que eram preenchidos com jogos e brincadeiras agora são ocupados pela arte. Em Montenegro, a professora Paula Vargas, 25 anos, driblou protestos na Escola Municipal Adolfo Schüler e ganhou a confiança de meninos e meninas. Ao deparar com a resistência dos alunos da 1ª série em criar, ela se sentiu desafiada. Eles argumentavam que não sabiam desenhar. A queixa batizou o projeto de Paula: Eu Não Sei Desenhar: Vendo, Conhecendo e Recriando Árvores.

Primeiro, a professora elegeu as árvores como objeto de estudo. Um desenho básico, que poderia ser observado no pátio da escola, sem custo. Depois, levou para a sala de aula árvores pintadas por artistas, como Iberê Camargo e Tarsila do Amaral.

Diante das obras, a professora mostrou aos alunos que cada um tem uma forma de representar sua arte e que todas são válidas:

– Hoje, eles sabem que árvores não são apenas troncos e galhos. Perceberam que animais vivem nelas, que elas têm textura, cheiro.

O projeto de Paula virou monografia no curso de pós-graduação em Arte-Educação, na Feevale. Com o prêmio, ela ganha muito mais do que os R$ 10 mil que a Fundação Victor Civita dá aos vencedores. Conquista reconhecimento.

O desafio de brincar com números
Lidar com números é um desafio para crianças de cinco e seis anos. Pensando nisso, a professora Lisiane Hermann Oster, 28 anos, desenvolveu o projeto O Sistema de Numeração e a Criança Pequena, com 20 alunos da Escola de Educação Infantil do Sesc, em Ijuí.

A partir dos questionamentos dos próprios alunos, ela elaborou atividades que os ajudaram a compreender a importância dos números. Curiosidade e iniciativa foram ferramentas na aprendizagem. Inicialmente, os estudantes trabalharam com medidas próximas a eles: as do próprio corpo. Mediram altura, analisaram o peso.

Depois, eles fizeram um jogo com a carinha de cada aluno. Aprenderam noções de maior/menor e menos/mais, comparando as medidas dos colegas. Depois, montaram coleções. Até pensaram em objetos caros.

– Depois, eles entenderam que colecionar coisas simples é divertido – disse a professora.

Na última etapa, as crianças produziram joguinhos com percurso, no qual contaram os espaços para chegar a cada lugar.

ZERO HORA

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Jean Piaget - O biólogo que colocou a aprendizagem no microscópio

Nova Escola | Edição Especial | Julho 2008

O cientista suíço revolucionou o modo de encarar a educação de crianças ao mostrar que elas não pensam como os adultos e constroem o próprio aprendizado

Foto: Camera Press
Foto: Camera Press
Jean Piaget (1896-1980) foi o nome mais influente no campo da educação durante a segunda metade do século 20, a ponto de quase se tornar sinônimo de pedagogia. Não existe, entretanto, um método Piaget, como ele próprio gostava de frisar. Ele nunca atuou como pedagogo. Antes de mais nada, Piaget foi biólogo e dedicou a vida a submeter à observação científica rigorosa o processo de aquisição de conhecimento pelo ser humano, particularmente a criança.

Do estudo das concepções infantis de tempo, espaço, causalidade física, movimento e velocidade, Piaget criou um campo de investigação que denominou epistemologia genética - isto é, uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança. Segundo ele, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida.

"A grande contribuição de Piaget foi estudar o raciocínio lógico-matemático, que é fundamental na escola mas não pode ser ensinado, dependendo de uma estrutura de conhecimento da criança", diz Lino de Macedo, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
As descobertas de Piaget tiveram grande impacto na pedagogia, mas, de certa forma, demonstraram que a transmissão de conhecimentos é uma possibilidade limitada. Por um lado, não se pode fazer uma criança aprender o que ela ainda não tem condições de absorver. Por outro, mesmo tendo essas condições, não vai se interessar a não ser por conteúdos que lhe façam falta em termos cognitivos.
Isso porque, para o cientista suíço, o conhecimento se dá por descobertas que a própria criança faz - um mecanismo que outros pensadores antes dele já haviam intuído, mas que ele submeteu à comprovação na prática. Vem de Piaget a idéia de que o aprendizado é construído pelo aluno e é sua teoria que inaugura a corrente construtivista.

Educar, para Piaget, é "provocar a atividade" - isto é, estimular a procura do conhecimento. "O professor não deve pensar no que a criança é, mas no que ela pode se tornar", diz Lino de Macedo.

Assimilação e acomodação
Com Piaget, ficou claro que as crianças não raciocinam como os adultos e apenas gradualmente se inserem nas regras, valores e símbolos da maturidade psicológica. Essa inserção se dá mediante dois mecanismos: assimilação e acomodação.
O primeiro consiste em incorporar objetos do mundo exterior a esquemas mentais preexistentes. Por exemplo: a criança que tem a ideia mental de uma ave como animal voador, com penas e asas, ao observar um avestruz vai tentar assimilá-lo a um esquema que não corresponde totalmente ao conhecido. Já a acomodação se refere a modificações dos sistemas de assimilação por influência do mundo externo. Assim, depois de aprender que um avestruz não voa, a criança vai adaptar seu conceito "geral" de ave para incluir as que não voam.

Estágios de desenvolvimento
Um conceito essencial da epistemologia genética é o egocentrismo, que explica o caráter mágico e pré-lógico do raciocínio infantil. A maturação do pensamento rumo ao domínio da lógica consiste num abandono gradual do egocentrismo. Com isso se adquire a noção de responsabilidade individual, indispensável para a autonomia moral da criança.

Segundo Piaget, há quatro estágios básicos do desenvolvimento cognitivo. O primeiro é o estágio sensório-motor, que vai até os 2 anos. Nessa fase, as crianças adquirem a capacidade de administrar seus reflexos básicos para que gerem ações prazerosas ou vantajosas. É um período anterior à linguagem, no qual o bebê desenvolve a percepção de si mesmo e dos objetos a sua volta.

O estágio pré-operacional vai dos 2 aos 7 anos e se caracteriza pelo surgimento da capacidade de dominar a linguagem e a representação do mundo por meio de símbolos. A criança continua egocêntrica e ainda não é capaz, moralmente, de se colocar no lugar de outra pessoa.

O estágio das operações concretas, dos 7 aos 11 ou 12 anos, tem como marca a aquisição da noção de reversibilidade das ações. Surge a lógica nos processos mentais e a
habilidade de discriminar os objetos por similaridades e diferenças. A criança já pode dominar conceitos de tempo e número.

Por volta dos 12 anos começa o estágio das operações formais. Essa fase marca a entrada na idade adulta, em termos cognitivos. O adolescente passa a ter o domínio do pensamento lógico e dedutivo, o que o habilita à experimentação mental. Isso implica, entre outras coisas, relacionar conceitos abstratos e raciocinar sobre hipóteses.
Para pensar
Os críticos de Piaget costumam dizer que ele deu importância excessiva aos processos individuais e internos de aquisição do aprendizado. Os que afirmam isso em geral contrapõem a obra piagetiana à do pensador bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934). Para ele, como para Piaget, o aprendizado se dá por interação entre estruturas internas e contextos externos. A diferença é que, segundo Vygotsky, esse aprendizado depende fundamentalmente da influência ativa do meio social, que Piaget tendia a considerar apenas uma "interferência" na construção do conhecimento. "É preciso lembrar que Piaget queria abordar o conhecimento do ponto de vista de qualquer criança", diz Lino de Macedo em defesa do cientista suíço. Pela sua experiência em sala de aula, que peso o meio social tem nos processos propriamente cognitivos das crianças? Como você pode influir nisso?
Ajudando o desenvolvimento do aluno
Brincadeira de casinha: estímulo aos alunos na idade da 
representação. Foto: Masao Goto Filho
Brincadeira de casinha: estímulo aos alunos
na idade da representação.
Foto: Masao Goto Filho
A obra de Piaget leva à conclusão de que o trabalho de educar crianças não se refere tanto à transmissão de conteúdos quanto a favorecer a atividade mental do aluno. Conhecer sua obra, portanto, pode ajudar o professor a tornar seu trabalho mais eficiente. Algumas escolas planejam as suas atividades de acordo com os estágios do desenvolvimento cognitivo. Nas classes de Educação Infantil com crianças entre 2 e 3 anos, por exemplo, não é difícil perceber que elas estão em plena descoberta da representação. Começam a brincar de ser outra pessoa, com imitação das atividades vistas em casa e dos personagens das histórias. A escola fará bem em dar vazão a isso promovendo uma ampliação do repertório de referências. Mas é importante lembrar que os modelos teóricos são sempre parciais e que, no caso de Piaget em particular, não existem receitas para a sala de aula.
Biografia
Jean Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça, em 1896. Aos 10 anos publicou seu primeiro artigo científico, sobre um pardal albino. Desde cedo interessado em filosofia, religião e ciência, formou-se em biologia na universidade de Neuchâtel e, aos 23 anos, mudou-se para Zurique, onde começou a trabalhar com o estudo do raciocínio da criança sob a ótica da psicologia experimental. Em 1924, publicou o primeiro de mais de 50 livros, A Linguagem e o Pensamento na Criança. Antes do fim da década de 1930, já havia ocupado cargos importantes nas principais universidades suíças, além da diretoria do Instituto Jean-Jacques Rousseau, ao lado de seu mestre, Édouard Claparède (1873-1940). Foi também nesse período que acompanhou a infância dos três filhos, uma das grandes fontes do trabalho de observação do que chamou de "ajustamento progressivo do saber". Até o fim da vida, recebeu títulos honorários de algumas das principais universidades européias e norteamericanas. Morreu em 1980 em Genebra, Suíça.
Quer saber mais?
Atualidade de Jean Piaget, Emilia Ferreiro, 144 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444 (edição esgotada)
Biologia e Conhecimento, Jean Piaget, 423 págs., Ed. Vozes, tel. (24) 2246-5552, 59,50 reais
Epistemologia Genética, de Jean Piaget, 124 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3241-3677, 25,40 reais
Piaget – O Diálogo com a Criança e o Desenvolvimento do Raciocínio, Maria da Glória Seber, 248 págs., Ed. Scipione, tel. 0800-161-700, 49,90 reais
Por que Piaget?, Lauro de Oliveira Lima, 72 págs., Ed. Vozes, tel. (24) 2246-5552, 16,40 reais

domingo, 10 de outubro de 2010

Estudo vincula déficit de atenção e hiperatividade a mutação genética

 
TDAH não é causado por inabilidade dos pais em educar, dizem cientistas.
Pesquisa publicada na revista 'The Lancet' analisou 366 crianças.
 
Cientistas britânicos dizem ter encontrado, pela primeira vez, evidências da existência de uma raiz genética para a condição conhecida como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
A equipe, da Cardiff University, no País de Gales, Grã-Bretanha, afirma em um artigo na revista científica "The Lancet" que a condição, que afeta crianças em todo o mundo, resulta de um problema no cérebro - como o autismo, por exemplo - e não de uma inabilidade dos pais em educar seus filhos.
O estudo envolveu análises de partes do DNA de 366 crianças diagnosticadas com a condição.
Outros especialistas, no entanto, questionaram veementemente as declarações da equipe, argumentando que apenas um pequeno grupo das crianças com TDAH estudadas apresentou as alterações no DNA e que, na maioria dos casos, a condição seria resultante de uma combinação entre causas genéticas e fatores externos.
Na Grã-Bretanha, estima-se que 2% das crianças sofram do problema.
Elas tendem a ser agitadas e impulsivas e podem ter tendências destrutivas, além de apresentar problemas sérios na escola e na vida familiar.

Estudo
Os pesquisadores compararam amostras do DNA de crianças com TDAH com o DNA de 1.047 pessoas que não sofriam da condição.
Eles constataram que 15% das crianças com o distúrbio tinham alterações grandes e raras no seu DNA, em comparação com apenas 7% no outro grupo.
Uma das integrantes da equipe da Cardiff University, Anita Thapar, disse: "Descobrimos que, em comparação com o grupo de controle, as crianças com TDAH têm muito maior incidência de pedaços de DNA duplicados ou faltando".
"Isso é muito empolgante porque nos dá o primeiro vínculo genético direto com TDAH".
"Analisamos vários fatores potenciais de risco no ambiente - como a contribuição dos pais ou o que acontece antes do nascimento - mas não há evidências que confirmem que (esses fatores) estariam associados ao TDAH".
"Há muita incompreensão por parte do público em relação ao TDAH", ela disse. "Algumas pessoas dizem que não é um transtorno, ou que o problema resulta da inadequação dos pais".
"A descoberta de um vínculo direto deveria corrigir esse estigma."
A equipe de Thapar enfatizou que não há um único gene por trás da condição e que a pesquisa está em um estágio muito inicial para que haja algum teste para o problema.
Mas o grupo espera que o estudo auxilie na compreensão das bases biológicas do TDAH, o que poderia, um dia, resultar em novos tratamentos.

Repercussão
Andrea Bilbow, diretora executiva de uma entidade britânica de apoio a famílias que enfrentam o problema, a ADDIS, disse estar animada:
"Sempre soubemos que havia um vínculo genético, com base em estudos e evidências empíricas. Esse trabalho vai nos ajudar a lidar com os céticos de maneira mais confiante. Eles estão sempre prontos a culpar os pais ou os professores."
Outros especialistas, no entanto, foram bastante críticos em relação ao estudo.
O diretor de uma entidade britânica ligada à saúde mental, Tim Kendall, disse que o TDAH é causado por vários fatores, e que associá-lo exclusivamente a causas genéticos poderia resultar em tratamentos incorretos.
"Tenho certeza de que esses estudos não vão produzir evidências inquestionáveis de que o TDAH é causado apenas geneticamente."
"Estou dizendo que (a condição resulta de) uma mistura de fatores genéticos e ambientais e que o importante é que não acabemos pensando que isso é um problema biológico sujeito apenas a tratamentos biológicos como (o remédio) Ritalina."
Um psicólogo infantil, Oliver James, citou estudos anteriores que observaram o efeito da ansiedade entre mulheres grávidas e dificuldades de relacionamento entre mães e seus bebês logo após o nascimento.
Ele disse: "Apenas 57 das 366 crianças com TDAH tinham a variação genética que seria a suposta causa da condição. Isso indica que, na vasta maioria dos casos, outros fatores são a causa principal."

Fonte: www.g1.globo.com

domingo, 3 de outubro de 2010

Estudantes aprendem dicas de como ouvir bem e melhor

 


16:00 - terça-feira, 28 de setembro de 2010
 
Os estudantes da 1ª e 2ª séries do ensino fundamental das escolas Gonçalves Dias e Guilherme de Almeida participaram hoje da Tarde da Saúde Auditiva, na Unidade Básica de Saúde Cerne. A prefeita em exercício e secretária de Saúde, Beth Colombo, esteve no local e conversou com as crianças, funcionários e usuários da UBS. Na oportunidade, os pequenos aprenderam ações de prevenção e conheceram o ouvido por dentro.
A atividade faz parte do Programa Saúde na Escola (PSE) e foi realizada pela equipe da UBS e por alunos do curso de Fonoaudiologia da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). Os alunos assistiram a palestra da professora Sheila Rockenbach, auxiliada pelo Doutor Sorriso, que ensinou a maneira correta de limpar os ouvidos. “Vocês não podem usar o cotonete, porque ele empurra a sujeira para dentro do ouvido e se corre o risco de ficar com problemas de audição. A cera é importante para proteger o ouvido”, explicou Sheila. Segundo eles, o correto é limpar o ouvido com a ponta de uma toalha macia.
Os pequenos também ouviram sons de diversos instrumentos musicais e comentaram sobre os barulhos agudos e graves. Após, em grupos de seis, os estudantes conheceram como é o ouvido e como ele funciona. Também ganharam folder com dicas para melhorar a saúde auditiva.
Beth ficou encantada com a atividade. Isso porque, segundo ela, as UBSs deveriam ter como missão a prevenção à saúde e não o tratamento de doenças. “Como educadora sempre defendo que saúde se faz com prevenção. Gostaria que todas as UBSs fossem realmente de saúde e não de doença, que também é importante ser tratada nos postos, mas não seria o ideal”, destacou.
A coordenadora do Programa Saúde na Escola, Robianca Munaretti, explica que a proposta do PSE é atender a todas as áreas, como nutrição, destacando a importância da alimentação saudável e sexualidade, com o planejamento familiar e o uso de métodos contraceptivos. Também participaram da atividade o secretário adjunto de Saúde, Leandro Santos, e o coordenador do Estratégia da Saúde da Família, Gilson Menezes.

Daiane Poitevin

Fonte:

http://www.canoas.rs.gov.br/Site/Noticias/Noticia.asp?notId=10865