domingo, 21 de fevereiro de 2010

A CRIANÇA QUER CHUPETA, E AGORA?

Um hábito prazeroso que pode transformar-se em prejudicial


Ceres Händel Trojan – Odontopediatra
Robianca Munaretti – Fonoaudióloga

No primeiro ano de vida, a boca é a região mais importante do corpo e a sucção uma resposta natural da própria espécie. A sucção fisiológica é normal e importante, tanto para fins alimentares quanto para o desenvolvimento craniofacial. Muitos bebês começam com este hábito muito cedo, já na vida intra-uterina, chupando o dedo.
O aleitamento materno tem um papel importante na sucção até a época de erupção dos primeiros dentes decíduos (de leite), estimulando o desenvolvimento favorável da arcada dentária superior e do palato. Algumas crianças utilizam a chupeta logo após o nascimento, o que proporciona prazer, acalma em situações de desconforto, podendo ser usada também para adormecer o bebê. Para que este hábito não traga maiores danos, o bico deve ter formato ortodôntico, isto é, anatômico, adaptando-se perfeitamente a cavidade bucal da criança, ajustando-se ao palato e a língua acompanhando o movimento de sucção. O disco de plástico deve ter um formato côncavo com perfurações para evitar o acúmulo de saliva e conseqüente irritação da pele. Não deve ter argola para que a mãe não possa prender um cordão, fralda ou corrente (para não haver risco de estrangulamento ou de aumento do peso da chupeta). Também deve ser observado os tamanhos existentes, pois eles devem acompanhar o desenvolvimento craniofacial da criança.
Este desenvolvimento depende de um equilíbrio harmonioso entre todas as funções que o circundam. Qualquer alteração neste equilíbrio pode ocasionar, junto com outros fatores, uma maloclusão, principalmente quando este desequilíbrio se estabelece através de mau hábito bucal.
Os maus hábitos estão relacionados com as funções de respiração, mastigação, deglutição, sucção, fala. Quando uma dessas funções está alterada, todas as demais sofrem desvios.
Além da maloclusão, evidenciam-se principalmente, a presença da deglutição atípica e a posição incorreta da língua na fala. A fala pode sofrer prejuízos quando existe mordida aberta anterior, onde os fonemas /t/, /d/, /n/, /e/, /l/ são produzidos com alterações.
A retirada da chupeta deve acontecer por volta dos dois anos, de maneira tranqüila, gradual, com muito diálogo e combinações. Situações como momentos de estresse, mudanças na família, início do ano escolar, a chegada de um novo bebê ou um divórcio, poderão não ser apropriados para iniciar o processo. Muitos pais podem se sentir culpados ou fracassados ao lidarem com os hábitos dos filhos, pois a criação que deram a eles podem ter contribuído para a instalação deste hábito indesejável, assim procuram avidamente um remédio que possa cessar este período.
Quando a criança que faz uso de chupeta freqüenta Escolas de Educação Infantil, é necessário um trabalho conjunto e efetivo, com educadores e as famílias para que este momento não se torne algo ruim e traumático no seu desenvolvimento.

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